Meditação do dia: 10/10/2019
“E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.” (Gn 32.30)
Face a Face – Não tenho como olhar para esse texto e não pensar no que significa certas expressões que se referem ao cuidado de Deus para comigo e com todos. Aqui Jacó faz uma citação sobre a face de Deus, o que podemos aprender sobre isso nas Escrituras? Quando nos deparamos com a mesma expressão aludindo a uma pessoa, o que queremos dizer ou que significado isso tem para a narrativa? Quando Moisés estava transmitindo aos israelitas os preceitos de Deus, e as muitas possibilidades nos relacionamentos entre o Criador e seu povo, muitas iniciativas eram abençoadoras e tinham um caráter de acolhimento e cuidado. Em Números foi deixado o registro de uma bênção que deveria ser proferida sobre o povo e seria a forma deles entenderem a proximidade e o carinho de Deus para com as pessoas. “O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
O Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz” (Nm 6.24-26). O favor e a bênção de Deus de modo favorável aos seus filhos são expressos por meio da idéia de um rosto feliz e aprovador. Quando oramos, adoramos, intercedemos e louvamos ao Senhor nosso Deus, esperamos que esse culto seja aceito agradavelmente por ele. Exatamente como quando damos um presente a alguém, ao receber, imediatamente nossa atenção se volta para a face da pessoa, pois a expressão que for demonstrada nos antecipa até as palavras propriamente que serão ditas, já percebemos e houve aceitação ou não, se se foi satisfatório ou não. Assim sendo, nenhum adorador imagina no seu íntimo, que a imagem que perceberá de Deus não seja um rosto alegre, sorridente, carinhoso e demonstrando aceitação. A expressão de Jacó, de ter visto a Deus face a face e sua vida ser salva, se refere ao todo da sua experiência. Ele estava angustiado, pesaroso e com medo de encontrar o eu irmão e haver um conflito destrutivo e até sanguinário. Ele então resolve ficar só e orar e buscar em Deus a força que precisava para enfrentar aquela situação, qualquer que fosse o desfecho. Ele então entra em luta corporal com um homem que logo percebeu não ser meramente um homem, um ser humano, mas alguém acima disso, um anjo de Deus. O seu discernimento foi correto, pois se Deus havia lhe enviado um anjo, deveria ser para ajudar ou lhe ensinar alguma coisa que lhe fosse útil; ele entendeu que poderia ser abençoado e se dispôs a ir até as últimas consequências para consegui-la; depois de toda a batalha, finalmente ele foi declarado em vantagem, pois o anjo disse que precisaria voltar e para isso agora precisava ser liberado por Jacó; diante dessa vantagem, ele exigiu ser abençoado e foi! O anjo, naturalmente falando tinha condições de se livrar e ou mudar a situação a seu favor, mas ele seguiu fazendo uso das regras legítimas de como o combate se iniciou e do outro lado, Jacó entendeu que estava diante de um legítimo representante do Senhor Deus, o Todo-Poderoso, e ter essa experiência e sair vivo, era muito aterrador, o temor de Deus de fato inundou o seu ser por inteiro. O rei Saul, no início de seu estado de desobediência valeu-se da desculpa de querer agradar a Deus e em honrá-lo, mas fazendo de forma arbitrária e em desacordo com as leis cerimoniais, o que lhe valeu uma repreensão severa. “Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar. Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, Eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda à face do Senhor não orei; e constrangi-me, e ofereci holocausto” (1 Sm 13.9-12). Em termos devocionais, ou para o ensino bíblico sobre oração, buscar a face de Deus está ligado a adoração, o louvor e á devoção desinteressada; adoração legítima, adorando a Deus porque ele é Deus e não porque queremos receber dele alguma coisa. Alguém buscando a face de Deus, está buscando a sua aceitação, aprovação e satisfação do Altíssimo com a pessoa e com o seu culto. Aqui não existe troca, bênção ou exigência, mas contemplação amorosa, responsiva e doadora do coração do adorador.
Pai, obrigado por olhar para nós com misericórdia e graça; queremos aprender com os teus santos do passado que entendiam muito sobre permanecer em tua presença, sobre contemplação silenciosa e sobre solitude. Estamos mais acostumados a uma vida agitada e barulhenta e que exige soluções urgentes e instantâneas e esses hábitos tão humanos entraram para a devoção e a fé; obrigado por revelar em tua Palavra que permaneces o mesmo, ontem, hoje e para sempre. Voltar ao início é uma forma de fazer o certo e experimentar vida e poder em nossa fé; em nome de Jesus, buscamos hoje o teu rosto, a tua face e como tal, que ele resplandeça sobre nós. Amém.
Pr Jason