Meditação do dia 31/08/2018
“Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na terra de Canaã.” (Gn 16.3)
A Difícil Condição de Agar – Fatos históricos são acontecimentos reais, que se passaram em algum lugar, com alguma pessoa em alguma época do passado. Sabemos que o passado não muda e não podemos mais modifica-lo; apenas conviver e corrigir ou reparar o que se fez ou experimentou. Como já frisei em outros textos, nosso propósito é pensar e meditar devocionalmente nas Escrituras Sagradas para nossa edificação e consolação. Não procuramos firmar doutrinas ou dogmas e nem mesmo discuti-los teológica ou culturalmente. As boas regras da Hermeneutica nos ensina a ver os textos dentro dos devidos contextos e procurar entende-los à luz do que entenderia alguém contemporâneo dos protagonistas e da mentalidade daquele tempo. As aplicações sim, podem ser contextualizadas à nossa realidade atual. Partindo desses princípios vamos ver Agar como uma pessoa, como fazemos hoje num contexto de igreja e missões culturais ou transculturais. Para nós todo indivíduo tem valor e dignidade pelo fato de ser uma pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus, com propósitos que transcendem a nossa simples compreensão. Cada pessoa foi criada por Deus para ser livre e com o direito de exercer sua vontade, pois para isso todos nascem com capacidades, habilidades e sonhos, pelos quais lutam e se empenham diligentemente para vê-los concretizados. Toda limitação a isso, e as trágicas condições a que muitos são submetidos e obrigados a sobreviver expressam os efeitos do pecado e do egoísmo humano. A condição de servo, por si não seria degradante e nem uma humilhação forçosa, se o caráter do senhor não fosse vil e contaminada pela visão de mundo sem a graça de Deus. O que estou falando é a constatação de que Deus é Senhor; Jesus Cristo é Senhor e Rei e todos nós somos seus filhos e seus servos e isso não nos humilha e nem nos degrada; ao contrário, nos dignifica e promove. Também a condição de servo de Deus e a submissão à Cristo, debaixo do seu senhorio é realizado voluntariamente, por iniciativa própria, quando entendemos quem ele é e o que fez por nós; então entregamos nossa vida e todos os direitos a ele. Nas palavras do apóstolo são Paulo, nós fomos constrangidos pelo amor demonstrado por ele. “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.14,15). Mas infelizmente há uma enorme diferença entre servir a Deus e servir aos homens, na condição de servos; sendo essa a condição de Agar, provavelmente uma jovem, com sonhos e planos que foram interrompidos pela escravidão no Egito, provavelmente na corte de Faraó e posteriormente dada de presente à Sara. Um servo, não tinha nenhum direito, nem mesmo sobre sua vida. Ele estava à mercê do seu senhor e dependia da sua boa vontade e generosidade para ter um mínimo de dignidade e ou pela sua utilidade serviçal, recebia certos direitos. Falando como cristão do século 21, acostumados a tratar com pessoas cheias de traumas e feridas interiores, por terem sofridos abusos e violações de seus direitos e dignidade como pessoa; minha empatia com Agar me faz pensar, se ela tinha por exemplo sonhos de casamento e família – amava alguém? O costume cultural de gerar filhos para a senhora era legal, mas e ela? Era uma escrava, mas era uma pessoa e nunca é agradável se ver numa situação onde sua voz não é ouvida. Estamos falando tanto nos dias atuais sobre dignidade e valor, por isso me pus a meditar nisso. Precisamos orar por pessoas que estão sem voz e dignidade, ainda que não se refira a violação sexual ou moral. Uma vida plena precisa de direitos plenos. Em muitas situações nós estamos na posição de senhores e outras na condição de servos e em ambos os casos precisamos refletir e ver a vontade de Deus para as pessoas ao nosso redor e especialmente as que estão sob nossa responsabilidade.
Senhor, é grande a nossa alegria de chama-lo de pai, de Senhor e rei. Para nós o Senhorio de Cristo é lindo e dignificante para nós e queremos estender essa bênção aos outros que são nossos semelhantes e carecem do favor dos outros para viverem suas vidas. Oramos por sabedoria e discernimento dos céus. Em nome de Jesus, amém.
Pr Jason