Meditação do dia: 06/12/2019
“E disse Israel: Por que me fizeste tal mal, fazendo saber àquele homem que tínheis ainda outro irmão?” (Gn 43.6)
Ainda Tem Um Irmão – Jacó estava em frangalhos emocionais pela “perda” de dois filhos e na iminência de acrescentar mais uma baixa, e justamente no Benjamim, a fagulha de amor que lhe assegurava as lembranças de Raquel e de José. Parece que não havia motivos para tanto alarde da parte do patriarca; mas precisamos vestir a pele dele e medir nossas realidades com as que ele tinha nos seus dias. Viajar hoje, da Palestina, ou de Israel até o Egito é até possível fazer bate-volta no mesmo dia, ou em dois ou três dias de carro, dependendo de onde se parte e até onde se vai. Hoje, temos seguros viagens e muitos meios de proteção, rastreamento e guias por satélites, gps etc e tal. No tempo deles, era uma jornada de muitos dias de caminhada, à pé ou montado à cavalo, mula ou camelo. Com paradas para alimentação, descanso e cuidado da tropa. O risco de assaltos e bandidos dos desertos era muito grande. Não dá para se comparar e muito menos pensar com uma cabeça ocidental, acostumados a confortáveis viagens de ônibus, carro o avião. Tudo com horas marcadas, boas paradas, lanchonetes e pousadas se necessário for, autoestradas duplicadas e câmeras de vigilância o tempo todo, fora os rastreadores. Jacó estava protelando o máximo que podia tomar essa dolorosa decisão de liberar o caçula para a viagem. Na impossibilidade, ele resmungou um lamento dolorido, que entendemos pela dor emocional, não pela decisão moral: “Por que me fizeste tal mal, fazendo saber àquele homem que tínheis ainda outro irmão?” No português bem popular: “Voces e suas bocas grandes! Tinham que abrir a matraca e falar que ainda tinham um outro irmão, o mais novo, que estava com o pai? Vocês não pensaram em mim e na segurança dele?” Falar a verdade é parte integral das nossas vidas e do nosso compromisso de andar com Deus. Jesus disse que o nosso falar deve ser sim, sim, e não, não, pois o que passar disso é de procedência maligna (Mt 5.37). Como descrevi em outros textos, e muito difícil fazer previsões, especialmente com relação ao futuro, afinal, não temos parentesco com charlatões. Os irmãos de José não poderiam prever os próximos movimentos do “homem forte” do Egito, ainda mais que ele os colocou em condições de se obrigarem a dizer estritamente a verdade. Provavelmente eles nunca haviam orado com tanto fervor para que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó se manifestasse misericordioso para com eles, que reconheciam não merecerem nada, porque viram a aflição do irmão sendo levado como escravo e não fizeram nada para livrá-lo e nem se compadeceram e agora sabiam que estavam sendo cobrados pela vida dele. “Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós porém não ouvimos, por isso vem sobre nós esta angústia. E Rúben respondeu-lhes, dizendo: Não vo-lo dizia eu: Não pequeis contra o menino; mas não ouvistes; e vedes aqui, o seu sangue também é requerido” (Gn 42.21,22). Quero ser simples e direto – a verdade prevalece sempre e não há como fugir dela. Nem Jacó, nem seus filhos, José ou Jason – precisamos encarar nossos medos e conflitos íntimos e agir com a verdade do nosso lado. Lembram da expressão: “Esse mundo é muito pequeno?” geralmente utilizado quando encontramos alguém onde nem imaginávamos e de outros lugares bem distantes, ou quanto se pensa que está em lugar desconhecido e descobre que ali há pessoas que nos conhecem e sabem quem somos. Pois foi assim, com Jacó e seus filhos, temendo um homem poderoso, com autoridade para puni-los e nem imaginavam que não passava do garoto sonhador, que os molhos se encurvam diante do dele; Jacó não gostou na época do sonho onde ele e a esposa se curvavam diante do garoto, e por isso lhe chamou a atenção. Por outro lado, era a pessoa que Deus estava usando para responder suas orações sobre sobrevivência. Nossos temores as vezes só metem medo em nós mesmos, porque na verdade, Deus está no controle de tudo e em vez de confiar, desconfiamos; em vez de render, resistimos; ao invés de sermos flexíveis, valorizamos a rigidez e a implacabilidade. O nosso desafio de hoje, é confiar que quem está no controle, sabe o que faz e mesmo no vale escuro, ele é confiável.
Pai, obrigado por ser forte e confiável o suficiente para dirigir nossas vidas. A verdadeira confissão é que não sabemos nada, não podemos nada e somos bons em estragar tudo por causa da desconfiança e ansiedade. Renova, para conosco hoje, Senhor as tuas bondades e dá-nos o discernimento necessário para continuarmos crescendo em graça e fé. em nome de Jesus, amém.
Pr Jason