Meditação do dia: 16/11/2019
“E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje.” (Gn 35.20)
Uma Coluna Para Raquel – Desde que o mundo é mundo e houve pessoas nele, o luto apareceu e desde Abel até hoje, temos que lidar com a morte, o luto e a memória dessas pessoas que passaram pelas nossas vidas. As culturas e costumes de cada povo apresentam maneiras diversas de lidar com o mesmo fato, mas o fato permanece. O modo como a Bíblia apresenta como as diversas culturas antigas lidavam com a morte de pessoas queridas, especialmente na cultura hebraica antiga, serve de parâmetros para a cultura atual que absorveu elementos de muitas gerações e muitos povos, para formar os seus próprios valores. A linha básica da nossa crença é que para Deus vivem todos e todos prestarão contas de seus atos. “Portanto, Deus não é Deus de mortos, mas sim de vivos, pois para Ele todos vivem” (lc 20.38). “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co 5.10). Além do aspecto da perda da pessoa em si, ainda existem os contextos familiares e sociais que influenciam as reações que se sucedem ao fato morte. No caso de Jacó, Raquel era sua esposa preferida, a paixão de sua mocidade, e mãe de um de seus filhos, José e agora justamente no nascimento do segundo filho, acontece essa fatalidade. Ela se foi, mas Benjamim ficou para ser criado sem a presença da mãe. Ela tinha importância social para a tribo e influencia sobre a administração da casa e educação dos filhos e agora esse papel estava aberto a mudanças. Espiritualmente, Jacó iria lidar com a situação, pois ele tinha um ministério para desenvolver e a aliança dele com Deus era para muitas gerações à frente, até mesmo se tornar uma nação e esse projeto não poderia ser interrompido pela interferência da morte de uma pessoa, ainda que importante na vida do patriarca. Quando olhamos nossas vidas, como cristãos, vemos um chamado divino para realizarmos uma tarefa importante dentro do reino de Deus. Vocação não é apenas para ministérios específicos de pastores e obreiros de tempo integral nas lidas eclesiásticas funcionais. Assim, como a bênção do Deus Altíssimo compartilhada com Abraão, Isaque e Jacó, seriam herdadas pelos descendentes diretos e nações provindas deles, mas sempre dentro de um contexto de família, de pais para filhos, geração após geração, por todo o tempo e eternidade; e ainda estamos dentro desse contexto. O Evangelho que Jesus personifica, também tem objetivo de alcançar todas as famílias da terra, geração após geração e nas palavras de Jesus, “…e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.20). Deus nos dá o privilégio de desfrutar da vida eterna em Cristo Jesus, servindo num propósito eterno, construindo um Reino eterno, mas fisicamente somos mortais e de curta duração. Não há nada errado nisso e nem ruim, a questão se torna negativa, quando as pessoas adotam uma postura de vida como se tudo que existisse fosse essa existência física limitada. Assim, vem o medo da morte, a insegurança do desconhecido e a incerteza do destino, quando todas essas coisas estão claras e patentes na Palavra de Deus. Paulo disse para os irmãos gregos de Tessalônica para não entrarem na mesma onda de desespero dos que não conhecem a Deus e não tem esperança, pois a fé em Jesus e a certeza da ressurreição produzem consolo e esperança. “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele” (I Ts 4.13,14). Raquel morreu, Jacó sepultou-a, levantou uma coluna em sua memória que perdura na história da nação, pois ela é uma matriarca do povo escolhido, mas Jacó seguiu com sua vida e com seu destino. Os mortos ficam, os vivos continuam suas vidas; os que morrem, encerram suas atividades aqui; os que ficam ainda tem responsabilidades. Não é errado lembrar deles, mas parar a vida e perder a qualidade do serviço e da fé por causa dos mortos, sim, é errado, é ruim e compromete o nosso compromisso de fé.
Pai, autor da vida e Senhor de todos, somos gratos pelo dom da vida e pela oportunidade de viver e servir nessa vida e com essa vida. Tudo que o Senhor faz durará para sempre, sabemos que somos eternos, porque a vida de Cristo está em nós pela redenção e pela vida abundante que recebemos. Somos gratos pela vida e história de cada ente querido nosso que já cumpriram o seu papel e sua jornada aqui e foram recolhidas por ti e aguardam a ressurreição de todos os santos para a eternidade em Cristo Jesus. Precisamos de ajuda e discernimento para viver de fato e de verdade os teus propósitos e sermos tudo aquilo para o qual fomos criados e salvos pelo sacrifício de Jesus na cruz. Tua, oh! Senhor é a honra e a glória devida ao teu santo nome, em todo tempo e por todas as gerações, no nome precioso de Jesus, amém.
Pr Jason