Meditação do dia: 26/02/2021
“E ele disse: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, vos tem dado um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro me chegou a mim. E trouxe-lhes fora a Simeão.” (Gn 43.23)
Cadê o Dinheiro Estava Aqui? – Não me tornei roteirista de jornalismo investigativo do quadro do Fantástico e também não estou denunciando desfalque em alguma conta pública. Essa meditação tem sido aguardada por mim mesmo à muito tempo. Desde de que li esse texto pela primeira vez ainda no século passado, essa palavra do mordomo de José me atraiu, porque isso tem tudo à ver com caráter e boa administração, ainda mais quando se trata de bens públicos ou de responsabilidades sob nossos cuidados; Coisas essas nas quais José é exemplo de primeira grandeza. Não acredito que corrupção e tirar proveito de funções públicas seja algo que se diga que é “instituição brasileira.” Claro que temos nossas “jabuticabas” e isso não se isenta nem mesmo nos arraias da fé, em toda e qualquer matriz denominacional. Todos e todas tem janelas de vidro, portanto não é de bom alvitre atirar pedras. Deixe-me pontuar aqui, as idéias que estão povoando minha cabeça e imaginação: Começamos por afirmar que José era o governador, com grandes e plenos poderes em toda a terra do Egito, excetuando apenas o trono, onde Faraó era soberano. Também sabemos que ele era excelente administrador e havia feito um excelente trabalho nos anos de fartura e na fome que já estava em vigor conforme ele mesmo previra na interpretação dos sonhos do Faraó. Também era uma pessoa a esta altura, rica e com suficiência de recursos e autoridade para tomar decisões, que eram validadas pela chefe, sem questionamentos. Era homem de confiança. Como ele estava lidando com uma situação particular, pessoal e familiar até então confidencial a todos, provavelmente até da esposa, ele deu a ordem para que na primeira visita dos irmãos, o valor da compra deles fosse devolvido a cada um, de tal forma que todos eles encontraram o não só a mesma quantia, mas o mesmo dinheiro na bagagem, ou sacos de cereais. Levemos em conta que se tratava de moedas ou peças quase sempre de prata, que eram usadas como moeda corrente no comercio. “E ordenou José, que enchessem os seus sacos de trigo, e que lhes restituíssem o seu dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem comida para o caminho; e fizeram-lhes assim” (Gn 42.25). A ordem de José fora precisamente executada pelos seus auxiliares e servidores. Mas sabemos que em termos financeiros não existe almoço grátis, alguém sempre paga a conta. Está inferido aqui, que José pagou pelos cereais adquiridos pelos irmãos, pois no texto de hoje, o seu mordomo, encarregado da administração da sua casa e que faria os aprontos necessários para o almoço especial entre eles, afirma que o dinheiro deles havia chegado a ele. “…o vosso dinheiro me chegou a mim.” José não fez uso dos bens públicos sob sua guarda, para proveito próprio ou de sua família, o que chamamos de nepotismo, ele pagou pelos cereais e devolveu aos irmãos os valores que eles pagaram. Isso é exemplo de transparência e boa mordomia. Mesmo que no uso de suas atribuições ele poderia ter doado, vendido mais barato ou ficado com o dinheiro para si e devolver depois para eles. Ninguém no Egito, incluindo o Faraó, levaria em conta essa quantia de cereal ou de dinheiro, devido à gratidão que tinham para com ele e a confiança de que suas decisões eram boas e coerentes, de forma que o estado não sofreria qualquer dano. Aquilo que costumo escrever sempre: “Fazemos o certo, porque é certo; não porque é mais fácil, mais lucrativo ou dá menos trabalho.” É tão comum as pessoas confundirem o capital da sua própria empresa, com seus bens pessoais e misturar tudo e ir à falência. É tão comum e acham até normal, apropriarem de cargos, funções e bens sob suas guardas para o benefício próprio, que os honestos se passam por bobos ou incompetentes. Todos somos mordomos de Deus sobre tudo que nos foi confiado. Bens coletivos como o patrimônio da igreja, não é minha propriedade ou meu direito. Administrar isso sem se apropriar ou sem deixar outros o fazerem é nossa responsabilidade. “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel” (1 Co 4.1,2). E outra palavra que não podemos sair de nossa vista é: “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens” (Cl 3.23).
Senhor meu Deus e meu Pai, sou agradecido por receber a oportunidade de servir como mordomo dos bens a mim confiados. Nada é meu! Tudo é teu e deve ser cuidado e administrado como pertencente ao Senhor. Graças podemos dar pelo senhorio abençoador que exerces sobre tudo e todos; sempre suprindo muito mais abundantemente do que precisamos. Buscamos sabedoria e graça para sermos fiéis e bons gestores da vida e de tudo que faz dela um grande presente com muita utilidade e propósito. Em nome de Jesus, obrigado, amém.
Pr Jason