Meditação do dia 18/08/2018
“Não me disse ele mesmo: É minha irmã? E ela também disse: É meu irmão. Em sinceridade do coração e em pureza das minhas mãos tenho feito isto.” (Gn 20.5)
Cumplicidade – Cumplicidade é a ação ou estado de ter participação secundária ou a co-autoria em algo. Ela pode ter o significado de conivência ou de amizade, sendo utilizada igualmente nos dois sentidos. Sempre tive vontade de escrever alguma coisa nesse sentido e especialmente baseado num desses textos onde Abraão e Sara e posteriormente Isaque também se envolveram em uma ação que definitivamente não foi salutar e houve a necessidade da intervenção divina para um resultado final que não comprometesse a integridade delas e da também do plano de redenção. Que marido e mulher precisam ser afinados e terem comunhão de idéias e propósitos, ninguém duvida e até almejamos que seja assim. A cumplicidade no sentido de comunhão, companheirismo e camaradagem e elogiável. Mas quando tem esse sentido de conivência em algo ilícito, não é bom e compromete o testemunho cristão. Falo isso porque ao longo dos anos, vemos a recorrência de casos tanto fora da igreja como dentro dela, onde e nunca é saudável. Com o crescente aumento das notificações e conhecimento de casos de violência entre casais nos noticiários, são uma grande maioria, onde a violência e o desrespeito era de longa data e escondido e até negado pela mulher, até chegar a extremos, quando não a morte. O mesmo acontece com abuso infantil e de menores, onde a mãe sabe, mas não faz nada e até nega ou transmite a responsabilidade para a vítima. Nunca esperaríamos algo assim no meio da comunidade cristã, mas temos que convir que uma igreja é um extrato da sociedade e tudo o que tem lá fora, tem em proporção reduzida aqui dentro. Recentemente fomos chocados com o caso de abuso e morte em incêndio criminoso de duas crianças lá no Espírito Santo e cometido por alguém tido como “pastor.” Em situações menos drástica, encontramos casais nas igrejas onde um encoberta os erros pecados do outro, deixando a igreja toda em dificuldade. Não raro, esposas de pastores também ajudarem a esconder uma vida desregrada e má conduta do marido, em nome de preservar isso ou aquilo. Sem tecer julgamento e nem assumir um papel que não me cabe, é necessário estabelecer a verdade da Palavra de Deus como norma que regula as ações e condutas de todos, e ser equilibrado na aplicação da justiça e disciplina sem parcialidade, para que o Espírito Santo possa agir e expurgar o mal e o erro das congregações do Senhor e manter a igreja tal qual ela dever ser – uma agencia do reino de Deus e propriedade exclusiva de Deus, comprada pelo precioso sangue de Jesus. Torcer a teologia para beneficiar má conduta não é aceitável diante de Deus. O fato de alguém ser chamado por Deus e reconhecido por todos e ter um ministério de resultados expressivos, não é salvo-conduto para práticas pecaminosas. O compromisso de Deus é com sua Palavra e com a verdade e ele não faz acepção de pessoas, exigindo o mesmo padrão de santidade e temor de todos os seus filhos. O que somos é infinitamente mais importante do que aquilo que fazemos. Pecado é pecado e não existe pecadinho e pecadão e nem tampouco alguns tem licença para pecar e praticar má conduta e achar que tem costas-largas para se proteger. A recomendação bíblica é: “Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis. Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos” (I Ts 5.11,14). Aos Hebreus ficou registrado: “E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia” (Hb 10.24,25). Judas, deixou uma exortação muito forte e digna de ser levada em consideração quando pensamos em não ser coniventes com práticas reprováveis na comunidade da fé. “E apiedai-vos de alguns, usando de discernimento; e salvai alguns com temor, arrebatando-os do fogo, odiando até a túnica manchada da carne” (Jd 22,23). O apóstolo São Paulo resume tudo o que escrevi aqui, em bem menos palavras, mas muito mais efetivas e poderosas e são elas que recomendo meditar e fazer uso não só para corrigir, mas também prevenir futuros erros e práticas. “Aprovando o que é agradável ao Senhor. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe” (Ef 5.10-12). Para o mal prevalecer, é suficiente apenas que os bons não façam nada.
Senhor, acreditamos no valor da amizade, do companheirismo e da solidariedade entre os irmãos na fé e somos agradecidos por isso. Pedimos sabedoria, discernimento e autoridade no poder do Espírito Santo para não sermos cumplices quando for para o mal e para o pecado. Renova a nossa ousadia no agir como filhos da graça. Em nome de Jesus, amém.
Pr Jason