Uma Túnica Colorida

Meditação do dia: 14/06/2020

 “E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.” (Gn 37.3)

Uma Túnica Colorida – Dá para imaginar a celeuma toda provocada por uma túnica colorida? Claro que o problema, ou a solução não tinha nada a ver com a indumentária do rapaz; forças maiores e valores diferentes acirraram os ânimos, valendo-se da túnica como pretexto. Jesus proferiu um ensinamento sobre isso, que podemos recorrer aqui: “Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mt 6.25,26). Aquela linda peça do vestuário de José o distinguia dos demais irmãos, mas acredito que não era pelas cores da túnica, mas pela reação produzida nas relações entre os irmãos, que viram no ato do pai presenteá-lo, como uma provocação. Quando existe amargura nos corações das pessoas, qualquer coisa, por mais pequena que ela seja ou significa, serve como catalisador para uma grande reação. Ao não saber lidar com os sentimentos ambíguos interiores, se permite que eles cresçam e podem se tornarem incontroláveis, tal qual um incêndio. Os irmãos de José começaram a valorizar mais a capa do que a pessoa dentro dela. Assim, dar um sumiço somente na capa, não resolveria suas crises, pois eles ainda continuariam olhando para ele e agora vendo alguém sem uma capa, mas ainda uma ameaça. Temos tantas narrativas bíblicas sobre túnicas, mantos e capas, que tiveram as mais diversas utilidades, além, claro de servir para vestuário. Posso me lembrar rapidamente de Acã sendo condenado a morte, por uma atitude que incluía uma bela capa babilônica que encontrou na invasão à Jericó. “Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata por baixo dela” (Js 6.21). O recém promovido profeta Eliseu, recebeu a capa de Elias, e essa sim, confirmou sua chamada e vocação e manifestava o poder de Deus que operava no seu possuidor. “E tomou a capa de Elias, que dele caíra, e feriu as águas, e disse: Onde está o Senhor Deus de Elias? Quando feriu as águas elas se dividiram de um ao outro lado; e Eliseu passou” (2 Rs 2.14). Uma história de capa e vestes que muito me impressiona, por revelar nas entrelinhas toda a beleza da obra da redenção em Cristo Jesus e o valor do amor de Deus por nós, é a da aliança celebrada entre o Príncipe Jônatas, filho do Rei Saul e Davi, até então um jovem aprendiz. “E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto” (I Sm 18.4). Alianças são celebradas entre duas ou mais partes, e sempre há troca de presentes, que selam o acordo e a posse do objeto trocado é um memorial de que a aliança está em vigor. Jônatas e Davi celebraram uma aliança de amizade e cuidado entre si e suas futuras gerações, mas só Jônatas deu presentes; a razão era que a iniciativa era dele, e ambos reconheciam a condição de cada lado. Um era um Príncipe, distinto, respeitado, rico e com muito poder e prestígio. O outro não tinha nada; deixara as poucas ovelhas e gado da família sob os cuidados de alguém para servir na corte, por uma situação de emergência de saúde do rei. A capa, as vestes, a espada, o arco e o cinto, que Davi recebeu, não eram quaisquer objetos – eram posses pessoais de um Príncipe; eram peças artesanais, feitos sob medida, personalizadas e ninguém mais além de Jônatas tocavam ou as utilizavam; eram conhecidas e reconhecidas em qualquer lugar que se apresentasse; qualquer um que as ostentasse, seria distinguido por todos e o prestígio seria inestimável. Não tudo o que Jesus fez por nós? Tal como Davi, o que temos a oferecer? Nada! Só nos resta receber com humildade, para não ofender a generosidade do doador. NÃO é qualquer um que tem essa honra. Poderíamos aqui falar da capa do Rei Saul, que um dia Davi cortou a aba, para dar-lhe um aviso de que não estava disposto a cometer um crime contra sua majestade. Poderíamos falar da capa que Boaz usou para cobrir Rute e depois a encheu de grãos para que levasse para casa. Poderíamos falar da túnica de Jesus que os soldados lançaram sortes sobre ela. Poderíamos falar da capa que Paulo encomendou a Timóteo que não esquecesse de levar para ele junto com os pergaminhos. Até mesmos das vestes de linho branco e puro que estão reservados no closet celestial para nós muito em breve. “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus” (Ap 19.7-9).

Pai, obrigado pela maravilhosa experiencia de sermos convidados para fazer parte de um reino que valoriza a pessoa mais do que as coisas que ela tem ou possa ter. graças te damos por providenciar vestes de justiça, que somente Cristo com seu amor imenso pode providenciar, e todas elas branqueadas no seu sacrifício na cruz; ainda que os nossos pecados sejam como o carmesim, eles se tornarão mais alvos do que a neve. Obrigado por tão grande e maravilhosa salvação. Somos gratos, eternamente gratos, em nome de Jesus, amém.

Pr Jason

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