Meditação do dia: 10/08/2020
“Porém ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo, e entregou em minha mão tudo o que tem;” (Gn 39.8)
Meu Senhor Não Sabe – Há um documento de estado, produzido por Donald Rumsfeld, ex-secretário de defesa dos Estados Unidos, onde ele afirma que há coisas que sabemos que sabemos e há coisas que sabemos que não sabemos; também há coisas que não sabemos que sabemos. Embora pareça uma sopa de letrinhas, ou palavras trocadas de ordem na frase apenas para confundir o raciocínio, mas não é. Há pessoas, por exemplo que não sabem dirigir automóveis, e sabem que não sabem e pretendem aprender. Há pessoas que não sabem que não sabem dirigir e se metem em confusão no trânsito e até causam acidentes. Saber tocar o carro para frente não é necessariamente saber dirigir. Quando alguém sabe que não sabe dirigir, e vai aprender ele toma todos os cuidados que lhe são passados pelo instrutor; faz o check list completo – verifica a posição do assento, retrovisores, marchas, sinalização e etc. para eles são muitas coisas a prestar atenção ao mesmo tempo, interna e externamente. Com a prática ele torna muitas daquelas obrigações tão naturais que elas funcionam como se fossem automáticas. Sendo assim, saber que não se sabe é bom. Há coisas também que eu não sei que não sei, porque nunca se me apresentaram; ainda há aquilo que achamos que sabemos e descobrimos que não sabemos; alguém aí já se aventurou na cozinha e deu tudo errado? Montar um móvel ou brinquedo, consertar algo que “qualquer um faz!” Em todas essas meditações dos últimos dias, estamos lidando com uma pessoa fantástica, que estava na posição de servo, mordomo de uma grande casa; servo de um senhor importante da sociedade do seu tempo. Pelos resultados de seu trabalho dedicado, fiel e responsável, o senhor dele descansou e passou a administração de todos os seus bene e empreendimentos sob os cuidados desse jovem servo. Ele passou a não se importar com o andamento dessa administração, por ver a prosperidade e a responsabilidade com que José cuidava de tudo. Ele sabia que José sabia o que fazer. Ele sabia que José sabia o seu lugar, o seu limite de autoridade e quais eram as áreas onde ele não poderia. Mas Potifar não sabia, das más intenções de sua mulher para com José. Como servo do Comandante da Guarda Real, José é um símbolo e uma referencia para todos os cristãos na condição de servos de Deus e encarregados da administração dos bens que o Senhor nos confiou. A diferença é que o nosso Senhor sabe o que sabemos e sabe o que não sabemos; também ele sabe que muita coisa que não sabemos que não sabemos. Nosso Senhor sabe tudo, ele é Onisciente. Isso é um atributo que só Deus tem. José não tentou se apropriar, nem tirar vantagens pessoais e nem evitar responsabilidades. Qualquer de nós que se envolve em agir por conta própria, sendo infiel na administração das responsabilidades, não se dará bem. O Rei Salomão escreveu no Livro de Eclesiastes algo que sempre penso nisso com meus botões: “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal” (Ec 8.11). Assim que o pecado ou erro é cometido, a pessoa não recebe um juízo ele acredita que não irá se responsabilizar por seus atos. Outra tendência natural, mas enganosa, é se valer dos conceitos culturais para validar princípios espirituais divinos. Estou me referindo ao padrão brasileiro de justiça; todo brasileiro, sabe de cor e salteado que o sistema todo é lento, falho, tendencioso, beneficia mais o infrator que a vítima e tendo recursos infindáveis, a possibilidade de “nunca responder” é muito grande. As pessoas transferem inconscientemente, para a justiça divina; argumentando que a longanimidade, benignidade, paciência e misericórdia divina é sinal de impunidade e não ser tão severo assim. Assim como vemos tantas pessoas da área do direito fazendo arbitrariedades porque conhecem os caminhos e os meandros das leis, também vemos cristãos, pastores e líderes cometendo irresponsabilidade e pecados graves, torcendo a sua teologia, alegando que conhecem os caminhos da redenção e do perdão de Deus, safando-se devido à “graça!” Entre os inúmeros textos que poderíamos ver aqui para não brincarmos com fogo, eu vou me dar o direito de citar apenas um. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Não se engane, Deus não se permite ser zombado; plantou, colhe! (tradução livre jasoniana). Não se iluda, racionalizando, dando explicações furadas que nem você mesmo acredita, transferindo responsabilidades e valendo-se da sua pseudo posição que nas aparências todos apostam na sua boa conduta. Diante de Deus, não é assim que a banda toca! Não é assim que a roda gira! Você vai cair do cavalo, pode acreditar. Vale para mim também!
Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores, aquele que tudo vê, tudo sabe e diante de quem haveremos de prestar contas da nossa administração. Havendo provisão tão abundante e generosa no sacrifício de Cristo na cruz, é inadmissível que o homem procure redenção pela justificação própria, fazendo do seu próprio jeito e reivindicando resultados do jeito de Deus. Somos filhos, por adoção e amados, acolhidos e libertos pelo derramar do precioso Sangue redentor de Cristo; é nessa base que somos perdoados e remidos. Permita que o temor do Senhor nos conduza a evitar o mal e abraçar o bem. No nome de Jesus, amém.
Pr Jason