Meditação do dia: 06/10/2020
“Então mandou Faraó chamar a José, e o fizeram sair logo do cárcere; e barbeou-se e mudou as suas roupas e apresentou-se a Faraó.” (Gn 41.14)
Barba & Cabelo – Alguém aí, ao ver esse título já deve estar pensando, o pastor Jason viajou mesmo na maionese, ou os cabelos brancos dele estão influenciando os pensamentos. Mas tenham calma e quem sabe, você acaba até gostando da meditação e leva em consideração coisas simples do nosso dia a dia. A Bíblia é uma literatura muito rica espiritualmente, nos revelando os propósitos e verdades eternas de Deus para a humanidade; mas também ela é literatura cultural, uma verdadeira biblioteca, uma enciclopédia com vastíssima extensão de conhecimentos catalogados em suas páginas. Como já escrevi em outros textos, nada na Bíblia é dito de uma só vez e nem de uma vez por todas. As suas riquezas estão espalhadas de Gênesis até Apocalipse, e nas entrelinhas das narrativas principais, encontramos verdadeiras preciosidades. Exatamente por essas e outras razões, toda pessoa que for boa de Bíblia, será bom de conhecimentos gerais e se souber empregar os conhecimentos, ele não passará vergonha ao conversar e discutir grandes temas da atualidade e não fará feio sobre a antiguidade. Quanto mais a ciência avança em suas descobertas, mais a Bíblia se comprova relevante e atual. Escolhi pegar a deixa do texto de que José ao ser chamado a apresentar-se a Faraó, barbeou-se primeiro. Cabelos e barbas, fazem parte da vida de todos os homens em todas as sociedades de todos os tempos. Hoje, num mundo mais globalizado e com comunicação em tempo real e a possibilidade dos acessos a tudo a qualquer instante, passamos a conhecer os usos e costumes de praticamente todos os povos e aprendemos sobre o valor e o significado de muita coisa; aquilo que em determinado local não tem peso algum nos valores da comunidade humana, em outros lugares aquilo tem importância e valor considerável e deve ser encarado com muita seriedade. Os antigos egípcios, que é o contexto em apreço, tinham um padrão de beleza e higiene, no qual barbear e manter os cabelos bem cortados e até raspados totalmente era o padrão. Se relembrar os filmes e ilustrações do antigo Egito verá que é um fato. José, era um cananeu, digamos assim; embora nascido na mesopotâmia, região dos atuais Iraque, Jordania, Kuwait, etc ele fora criado em Canaã e os costumes capilares deles era de usarem cabelos longos e barbas, aparadas ou não. Mas agora radicado no Egito a treze anos, e sob o domínio de senhores egípcios, ele já devia ter incorporado o costume local. Também, ele iria falar pessoalmente e cara a cara com o Faraó e sem dúvida, não era qualquer pessoa que se aproximava do homem forte do Nilo. Era questão de segurança, mas também sanitária, necessária para quem se aproximaria do soberano. Quando os israelitas saíram do Egito e no deserto receberam a legislação para a nação escolhida e nela incluía as leis e ritos cerimoniais e algumas dessas questões foram inclusas. “Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba” (Lv 19.27). Em se tratando dos sacerdotes, havia motivos espirituais e cerimoniais para certas regulamentações, como vemos a seguir. “Não farão calva na sua cabeça, e não raparão as extremidades da sua barba, nem darão golpes na sua carne.” (Lv 21.5). Alguns desses preceitos preveniam a mistura com certos costumes e práticas idólatras e consagrações pessoais a ídolos; o que agora deveria diferenciar o povo santo. No Salmo 133, que é muito apreciado por todos, cita a unção sobre a cabeça e a barba de Arão para evidenciar a importância da união e da comunhão espiritual, sob a bênção de Deus. “É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes” (Sl 133.2). Não cuidar da barba e dos cabelos era uma demonstração de tristeza e lamentação entre os israelitas. “Também Mefibosete, filho de Saul, desceu a encontrar-se com o rei, e não tinha lavado os pés, nem tinha feito a barba, nem tinha lavado as suas vestes desde o dia em que o rei tinha saído até ao dia em que voltou em paz” (2 Sm 19.24). Aqui no Brasil, embora a miscigenação seja fator dominante na formação do povo, cabelos e barbas para nós é mais uma questão de gosto pessoal e “moda” e em poucas situações desgrenhar os cabelos descreva culturalmente uma cena de tristeza extrema. Mas é folclórico quando queremos deixar alguém de sobreaviso sobre um risco iminente, dizemos que “é melhor botar as barbas de molho!”
Obrigado Senhor pelo privilégio de saber que criaste todas as pessoas, com suas culturas e com uma variedade tão grande que expressam a tua multiforme sabedoria e bom gosto. Partindo de um, o Senhor criou todos nós e somos gratos por isso, em nome de Jesus, amém.
Pr Jason