Meditação do dia: 28/09/2019
“Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú; porque eu o temo; porventura não venha, e me fira, e a mãe com os filhos.” (Gn 32.11)
O X da Questão – Nos dias atuais, faz muito sentido para as pessoas entenderem esse contexto da vida de Jacó, devido ao cenário de violência que vivemos. Não é mais um problema apenas das grandes cidades, ou de determinados setores ou pontos das cidades. A violência grassa geral e faz vítimas indiscriminadamente em todas as camadas sociais. A insegurança faz com que as pessoas vivam com medo e se precavendo até de coisas que não existem. Quando se trata da segurança pessoal ou familiar, se pensa mais e os cuidados obrigam à tomadas de decisões, que por vezes nem fazem sentido, mas se tornam medidas necessárias. A progressão da experiência de Jacó nos revela as camadas que se sobrepõe umas às outras até chegar a um núcleo, que de fato é o centro ou o X da questão. Ele já saíra de casa atemorizado pelas ameaças do irmão, que eram de longo prazo; Esaú não tinha pressa pra executar seu plano de vingança, pois ele havia dito, que quando viesse o tempo de luto pelo pai, então ele mataria Jacó; ou seja, Jacó estava vivendo sob uma sentença de morte e dessa maneira, quanto mais tempo seu pai vivesse, melhor seria para ele; pois estaria ganhando tempo e também seus pais teriam oportunidade de dissuadir a Esaú de seu intento. Mas ele vivia com esse peso. Quando chegou o tempo de voltar para casa, essa era uma das preocupações que ele tinha que lidar. Ele tinha um voto com Deus, e tinha a intenção de cumpri-lo ao chegar em casa, sã e salvo e em paz. Esaú ainda continuava nesse meio. A cada etapa da caminhada, mais longe ele ficava de Harã, mas também mais perto de Canaã. Ele amava as promessas mas temia as ameaças. Ele não podia abrir mão das promessas e da aliança com Deus, por causa de uma ameaça de morte; de certa forma, se ele ao menos salvasse os filhos, o cumprimento das promessas e das alianças estaria garantido, mas se Esaú viesse com a intenção de destruir tudo, então Jacó tinha mesmo motivos para buscar proteção. Por muitos anos eu li o livro de Jó diversas vezes e ficava por demais intrigado, pois atestava a inocência e retidão daquele homem íntegro e não conseguia ver a estrutura que permitia a brecha para que ele pudesse ser atacado daquela forma. À medida que fui conhecendo mais o caráter de Deus, pude ir vendo também minhas limitações e as portas abertas para legalidades ruins e assim percebi que Jó também era homem como eu e você e que em algum lugar haveria evidencias e então me deparei com esse texto: “Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu. Nunca estive tranqüilo, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação” (Jo 3.2425). Admiro Jó muitíssimo e é um modelo de paciência, perseverança e fé em meio as dificuldades. Mas no íntimo ele alimentava um temor de que um dia a casa iria cair e como dizemos lá em Goiás, “a lagoa iria secar.” E de fato aconteceu. Aqui estamos vendo Jacó, se antecipando em oração e dizendo ao Senhor que realmente estava temendo pela sua vida e de sua família e que ele temia seu irmão Esaú. Ele conhecia a índole do irmão, seu gênio forte, implacável e que não perdoava fácil e não esquecia uma afronta recebida. Pelo histórico, da gravidade do que ele fizera e da capacidade de Esaú em executar seus planos, ele se viu desprotegido, porque a informação recebida dos mensageiros, reconhecia-se que os pais não haviam obtido êxito em aplacar o filho da idéia de vingança. O homem de Deus, andando nas promessas de Deus, vivendo os propósitos divinos em plenitude, ainda assim fica exposto e vulnerável. O risco desse retorno tinha que ser calculado e o elemento que faria a diferença, seria unicamente a fé na capacidade de Deus em cumprir sua aliança. Sem Deus Jacó não tinha chances. Nada diferente de você e de mim, hoje em dia. Cremos nas promessas e estamos cientes das batalhas, a diferença está na fé que será o fiel da balança. Mesmo assim, a atração das promessas deve ser um incentivo, porque elas são eternas e mesmo que a vida física seja comprometida, a fidelidade de Deus estará conosco nos dois lados, aqui e na eternidade. Todos queremos a ressurreição e a vida, mas não tem como chegar nisso sem passar pela morte. Todos queremos o pentecoste e o poder do Espírito, mas isso não existe sem o a cruz e o Calvário.
Senhor, como Jacó, fomos chamados por ti para uma vida de peregrinação e seguir olhando para as promessas da aliança; as lutas aparecem constantemente e precisamos prosseguir. Ensina-nos a discernir o teu tempo e o teu modo de agir, para que nossos corações permaneçam firmes nas promessas e não olhemos para as ameaças e prejuízos que nos rodeiam. Esaú é uma lembrança do nosso passado de imaturidade e carnalidade, quando forçamos para que as coisas aconteçam e sejamos os únicos beneficiados. Com a maturidade vem a responsabilidade de também acertar o passado e passar a limpo a história que estás escrevendo através das nossas vidas. Em nome de Jesus, amém.
Pr Jason