Meditação do dia: 27/03/2020
“E morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho cujo nome chamou Alom-Bacute.” (Gn 35.8)
Débora, a Ama de Rebeca – Vamos meditar hoje, pensando na vida e na história de uma outra mulher maravilhosa, mas totalmente anônima e sem nem sequer um registro de seus feitos, a não ser quando ela arrumou as malas as pressas para seguir viagem com a “Sinhá Moça,” Rebeca, e ela ali nem é coadjuvante, pois o papel principal é de Eliézer e Rebeca o de coadjuvante, ela é a moça da moça mais romântica do Oriente Antigo. “Então despediram a Rebeca, sua irmã, e sua ama, e o servo de Abraão, e seus homens. E Rebeca se levantou com as suas moças, e subiram sobre os camelos, e seguiram o homem; e tomou aquele servo a Rebeca, e partiu” (Gn 24.49,61). A história mostra que as famílias abastadas, senhores, nobres e reis, tinham escravos de confiança, amas, que participavam intensamente da vida deles e alguns até mesmo exerciam influencias; como eram servos, escravos, alguns eram até dados de presente de casamento, como vimos Labão dar Bila e Zilpa para Lia e Raquel. Agora, provavelmente alguns além dos três leitores mais assíduos destas meditações, ficam se perguntando, por que o pastor Jason fica escarafunchando para achar essas pessoas escondidas e que nas leituras que fazemos da Bíblia, nem notamos que elas existem? É Justamente por isso! Acredito que toda pessoa, indistintamente de quem seja ou onde vive, tem uma história e ela teve ou exerceu importância para alguém e isso a torna importante. Por que uma serva, criada de uma sinhazinha teve menção nas Escrituras e quando ela morreu, foi registrado? Lembro de que Jesus disse de uma certa mulher, importunada pelos mais famosos, visíveis e protagonistas de plantão: “Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde este evangelho for pregado, também o que ela fez será contado para sua memória” (Mc 14.9). Essa foi a mulher que quebrou o vaso de alabastro para ungir Jesus; todo mundo foi contra, meteram a boca, discriminaram, reprovaram-na, mas Jesus a honrou e deu a ela o que não deu a muitos – afirmou que onde o Evangelho for pregado, vão falar dela, para memória. Hoje em dia tem gente pegando carona na história dela, cantando em verso e prosa, que também quer quebrar o vaso de alabastro, quer se lambuzar do perfume, quer dar o mesmo para Jesus, e um punha do de conversa mole. Ela foi autentica, fez do coração, deu tudo, não pensou nela, nem no preço nem no que iam pensar dela. Hoje, nada se cria, tudo se copia! Pois bem, é assim também que vejo Débora, que seguiu a noiva, para o destino da noiva, perseguindo o sonho e o romance da noiva para estar à disposição e servir no que precisasse. Nunca mais foi citada, quem sabe poderia até ter pintado um clima de romance entre ela e Eliézer na jornada e chegado lá o “sinhozinho e a sinhazinha” ter dado a permissão para se casarem… (Isso é mera exercício de ficção minha, não vá encher a cabeça de minhoca, é minha a heresia romântica aqui, direitos autorais requeridos). Então e posso imaginar, que ela, Débora, viu Jacó nascer, crescer, apartou muita briga entre ele e Esaú; deve ter chorado muito ao ver o seu menino partir para a terra dela; é possível que ela até tenha dado dicas e informações de coisas e pessoas, lugares que ele poderia ir e lembrar dela e de casa. É muito provável que ela foi a companhia nas horas de chora de Rebeca pelo filho ausente e sem muitas informações; as duas devem ter sido parceiras de oração e clamor pelo retorno dele em segurança; é provável que ela tenha vibrado ao ficar sabendo que Jacó estava quase chegando em casa depois de tantos anos; que ele havia se casado com duas sobrinhas de sua senhora, filhas de Labão, que na infância e juventude deve ter dado muito trabalho para ela. Aquele misto de alegria e tristeza, ao ficar sabendo que não conheceria Raquel, que falecera no caminho, ali pertinho de casa, mas a satisfação de saber que Jacó chegaria e que ele tinha doze filhos e uma filha, doze!!! E ela iria querer abraçar um por um e voltar a acariciar o rosto de Jacó, que era agora um senhor, respeitável senhor, com um novo nome, Israel e que ele não era mais o trapaceiro e pregador de peças dos tempos de menino e rapaz. Aquele travesso, era um homem de Deus e estava de volta em casa, talvez a tempo de abraça-la ainda em viva, pois só estava esperando isso para terminar a sua missão. Se nada disso for verdade, for uma mera especulação minha, mesmo assim, eu tenho profundo respeito por ela, porque foi peça importante para a formação da nação escolhida e mesmo que o serviço dela era de serva, apenas uma ama, acredito que era uma ama amada, e assim será lembrada no tempo e na eternidade. (para registro pessoal: foi a primeira vez que escrevi um texto em lágrimas, chorei o tempo todo e dedico a ela essas emoções e alegria de registrar como alguém notável e valiosa, por que o foi).
Senhor, com essa meditação escrita em forma de quase ficção, eu desejo honrar e homenagear a Débora, a ama de Rebeca e também a todas as pessoas anônimas, que serviram ao Senhor e aos servos de Deus, consumindo suas vidas inteiras, sem nunca terem sabido o que era liberdade, mas nunca souberam que servir a pessoas tementes a Deus era escravidão e privação. Outros nossos, atuais que privaram-se de privilégios e oportunidades para cuidarem de outras pessoas, coisas do reino, da família e só mesmo a eternidade e o trono de Deus para fazer justiça e dar a cada um deles a merecida honra e recompensa. Queremos aprender o valor do servir e a importância de servir no lugar certo, na causa certa. Fortaleça-os e permita que renovem suas forças a cada dia; somos teus servos e será com esse tipo de pessoas que aprenderemos o nosso lugar e a nossa posição de servos. Em nome de Jesus, amém.
Pr Jason