Meditação do dia: 10/04/2020
“E retirou-se deles e chorou. Depois tornou a eles, e falou-lhes, e tomou a Simeão dentre eles, e amarrou-o perante os seus olhos.” (Gn 42.24)
Simeão Foi o Escolhido – Hoje, pretendo ir direto ao ponto, afinal é assim que o mundo gira e as vezes quanto mais simples, mais sofisticado. Na verdade, faz um bom tempo que tenho vontade de escrever alguma coisa sobre esse texto e esse acontecimento na vida de José e de Simeão. Pode ser, e estou inteiramente aberto às críticas, especialmente dos meus três leitores mais assíduos e de uma nova leitora que quer entrar para esse seleto grupo; pois o conteúdo e argumentação principal é uma peça de ficção da minha cabeça, e sobre esse exercício posso acertar em cheio, como posso errar redondamente, mas como não existe um gabarito para conferir as respostas, só na eternidade para comprovarmos; ao chegarem no céu e se algum dia virem José e Simeão me chamando para uma conversa particular, então já sabem, “deu mal.” Ao longo de anos de leitura bíblica, e sempre prestando atenção em novos detalhes, fui colecionando idéias sobre o relacionamento entre os filhos de Jacó e isso me levou a esse exercício. José era o filho preferido de Jacó, por seu filho de Raquel, a paixão de sua vida, que lhe dera apenas dois filhos, e ela veio a falecer no nascimento de Benjamim; então é até natural o apego emocional do pai pelos garotos. José ao tudo indica, tirou proveito disso, claro, mais protegido, melhores presentes, mais presença do pai na sua instrução e atenção. Segundo algumas tradições, pode ter sido melhor alfabetizado e teve estudo bem mais avançado que os demais, o que lhe valeu alguns privilégios mesmo na escravidão no Egito. O certo é que na adolescência, aquela idade que os ânimos ficam mais à flor da pele, e a imaturidade aliada aos privilégios, produziam uma rivalidade entre os irmãos. Os demais trabalhavam duro no campo com o rebanho e José ficava mais tranquilo; quando ia passar um tempo no campo com os irmãos, voltava e dedurava os mal feitos deles e é claro, eles levavam bronca do pai ou até disciplina; que é que gosta de dedo duro? “Estas são as gerações de Jacó. Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com seus irmãos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia más notícias deles a seu pai” (Gn 37.2). Essa relação nada amistosa, provocada pela imaturidade de José, ainda o agravo do modo preferencial no tratamento de Jacó para com os filhos, privilegiando José. “Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente” (Gn 35.4). Aqui, cabe a nós uma reflexão sobre como lidamos com nossos filhos. Uma das coisas mais desiguais dessa vida é os pais tratarem iguais todos os filhos. Cada um deles é uma pessoa e tem características diferentes e personalidades diferentes e isso tem que ser levado em conta. Confundimos muito a identidade com o comportamento dos filhos e assim os mais obedientes levam a preferencia dos pais e acirra os ânimos entre os irmãos. Voltando, além desses fatores, José começa a ter sonhos sobre o futuro deles e claro, ele na cabeça, se dando bem e liderando o governo da tribo e quem sabe até reinando sobre todos, pois o sol, a lua e as estrelas se dobravam diante dele, até o pai ficou preocupado. “Teve José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais” (Gn 37.5). Quando a um quadro de ódio, revolta, pirraça e implicações entre irmãos, sendo eles muitos, algum deles certamente se sobressaía nas reações. Alguém deles liderava as provocações contra ele. Quando ele foi vê-los no campo á pedido do pai, houve aquela trama para mata-lo, sendo que Ruben foi contra e trabalhou para livrá-lo; a idéia de vende-lo aos mercadores foi de Judá, mas não especifica mais o papel e nem as ações que separaram e foram as últimas imagens e lembranças entre eles. Se eles tinham uma última imagem de José, aos prantos implorando, certamente a José tinha uma outra imagem daquilo e daquele dia. É aqui que queria chegar hoje no texto base: “E retirou-se deles e chorou. Depois tornou a eles, e falou-lhes, e tomou a Simeão dentre eles, e amarrou-o perante os seus olhos.” Por que José foi direto em Simeão e o amarrou entre todos os seus irmãos? Foi aleatório? Foi sorteio? Ele pegou o que tinha melhor estrutura emocional para suportar uma prisão sozinho? Ou Simeão era uma peça, tipo pedra no sapado de José e agora era a hora da forra? Não estou pensando em vingança, maldade intencional e premeditada; mas com toda a sua sabedoria e conhecimento sobre irmãos, ele tinha suas razões! Quem bate sempre esquece, mas quem apanha, não! Sabemos que José já tinha compreensão dos propósitos divinos e sabia que fora Deus e não os irmãos que o enviara para lá. Então não se tratava de mágoa ou revanche, mas de disciplina. Se fosse eu ou você, seria diferente? Simeão, Simeão, você plantou e agora tinha uns bons dias no xilindró para refletir sobre seu passado e como consertá-lo.
Senhor, obrigado pela sua bondade e misericórdia sobre todos nós. Em Cristo temos a oportunidade e refazer nossas vidas e consertar atos e atitudes mal resolvidas no passado contra nossos familiares e pessoas em geral. Coisas podem ter sido divertidas para nós, podem ter sido humilhantes e degradantes para elas. Produzimos feridas e marcas em suas almas e justificamos como “brincadeiras entre irmãos;” Senhor, convença-nos da verdade, porque para eles foi abuso de poder, de autoridade e até abuso moral e etc. Precisamos nos arrepender e confessar para alcançarmos graça e perdão do Senhor também. Como diz a tua Palavra no Salmo 139.23,24 – “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.” Oramos em nome de Jesus, amém.
Pr Jason